quinta-feira, 17 de junho de 2010

Declaração de amor número n

Ontem à noite, teu corpo me contou uma história. Sim, eu ouvi. Pensara não ter "dito" tão alto? Pois sim, ouvi. Ouvi teu corpo contar uma história de amor e cuidado. Amor e preocupação. Zêlo para com o outro. Seus dedos percorreram o meu corpo calmamente, com a curiosidade de quem já sabe o que está por vir mas instiga o outro que nem consegue enxergar a frente. quando tateou minha boca, me contou sobre como falar as coisas que sempre sentia, a fim de enudecer-se frente ao outro. Falar um pouco e também procurar não falar, ou entender que o outro pouco fala. Entender e saber que mesmo que não fale o outro não deixa de sentir. Tateou meu pescoço e ordenou-me que cantasse, cantasse como forma de alívio para toda a dor que sinto e também como forma de aceitação e celebração por todo amor que recebia de ti. Nos meus seios, contou-me dos filhos que ainda teremos e por ali serão alimentados. Tocou o meu peito e pôas a mão no coração como quem demonstra posse e como quem sabe cuidar do que está ali. Sabe lidar com todos esses machucados e sequelas que o coração possui e como quem diz "vou cuidar de você" e "vocÊ vai ser minha pra sempre" me aperta os seios e me beija a nuca;
À nuca me conta da postura que deve-se manter no relacionamento, tanto carinhosamente de minha parte como centradamente de minha parte. Com a língua em minha orelha, desvendando todos os labirintos com esse instrumento molhado no meu orifício, você me conta como saber ouvir em um relacionamento e também sobre como saber esperar para ouvir e ser ouvida. Nos meus olhos, seus dedos me disseram para enxergar dentre as coisas mas não tentar decifrar tudo que é coisa. Meu nariz ouviu para respirar fundo e vagarosamente, pois a vida é curta e os órgãos necessitam desse oxigênio que aspirarei. Desceu as mãos novamente e chegou ao umbigo, onde mostrou-o como porta de saída da maternidade, tal local de desligamento entre um filho e uma mãe e que em breve conastruirei com meu próprio filho. Tateou mais abaixo, sempre devagar e beijando - me à nuca soltou um suspiro ao encontrar a genitália e a acariciou como quem cuida de um animal de estimação, tentando adestrá-lo a controlar os movimentos involuntários. Sentiu-a úmida e continuou a acariciar-me contando sobre a importância de dar e de sentir prazer. E assim continuou me tocando e me contando, com cada pedacinho do corpo até que nos unimos em um êxtase só, em um só ser compartilhando um único e imenso prazer.

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